A nossa freguesia

                                                  Valadares no Coração de Baião

Orago: S.Tiago

População: 885 habitantes (censo de 2001)

Actividades económicas: Agricultura, construção civil, turismo cultural e ambiental e pequeno comércio

Feira: 24 de Julho (anual)

Festas e Romarias: S.Tiago (25 de Julho), Sta.Maria (Setembro)

Património cultural e edificado: Igreja Paroquial, Casa do Terreiro, Casa Grande de Pinheiro, Caminho de Santiago, Curro Tradicional e Parque da Carvalha.

Outros locais de interesse turístico: Mamoas do Outeiro e Algária, Moinhos da Ermida.

Gastronomia e vinhos: Anho assado com arroz do forno, verde ou bazulaque, torresmada, cozido à portuguesa, canja de galinha, caldo de castanhas e caldo verde, filhós de chila, sopa doce, rabanadas e creme queimado. Vinho verde, com as características especiais da Sub-região de Baião e com base na casta Avesso.

Origem do nome e Caracterização geográfica

Quando se abre o mapa do concelho e se procura a sua freguesia mais central, os nossos olhos pousam sobre um nome que fica logo na memória: Valadares.
A paisagem que o envolve está de acordo com a palavra que lhe está na origem. “vallatu””, cerca feita de uma vala ou de uma elevação. E, de facto, descendo da serra onde os horizontes se alargam para além do Marão, da Aboboreira e do Montemuro, são as colinas e os “vales poderosamente cavados” assim tão bem descritos por Eça de Queiroz quando esteve ali mesmo ao lado, na actual quinta de Tormes.
Rodeada pelas freguesias de Campelo, Santa Cruz do Douro, Covelas, Loivos do Monte, Ovil, Santa Marinha do Zêzere e Viariz, fica situada numa altitude que varia entre os 500 e os 600 metros. Ocupa uma área de 810 há, equivalentes a 4,6% do total do concelho. Para se ter uma ideia aproximada da evolução demográfica, refira-se que havia 451 habitantes em meados do século XVIII e 886 em 2001 (tendo, no entanto, atingido um máximo de 1.349, em 1950). Por sua vez, o número de habitações passou de apenas 64, em 1530, para 398, em 2001.

Síntese histórica

A centralidade geográfica teve como consequência, durante um extenso período histórico, uma importância considerável do ponto de vista político e religioso.

Centralidade religiosa

Com testemunhos de ocupação humana pré-histórica, de há mais de cinco mil anos, como demonstram as mamoas da Algária e do Outeiro, é sobretudo durante a Idade Média que Valadares ganha importância como lugar obrigatório de passagem de peregrinos vindos da região centro do país, que atravessavam o Douro em Mirão, Aregos e Ermida, convergindo, por três caminhos diferentes para a Igreja de Valadares, onde eram acolhidos para descansarem, dormirem ou serem tratados, seguindo depois para Compostela, por S. Gonçalo de Amarante.
Por isso, na bandeira da freguesia se podem ver a Cruz de Santiago e as conchas simbólicas do “Caminho”.
Esta relevância dada à freguesia como lugar de passagem de muitos milhares de peregrinos ao longo de séculos explica o facto de igreja paroquial ter S. Tiago como padroeiro, mas ainda, a existência da Capela de Urgueira onde uma das devoções é precisamente a deste apóstolo e ainda o nome de um dos lugares com o seu nome, no percurso alternativo que vinha do lugar da Ermida, em Santa Marinha do Zêzere.
O seguimento deste percurso, tanto se fazia depois, continuando por Brozende, Viariz, Quintela, como pelo caminho que se dirigia a Campelo, passando por Amarelhe e Várzea, uma via muito frequentada na altura, cheia de lendas e belezas naturais.

Centralidade política

Esta importância da freguesia, favorecida pela geografia e pela história levou mesmo a que no século XVI para aqui fosse transferida a cabeça do concelho, onde se administrava a Justiça, com o pelourinho (picota) e a forca, no lugar de Torna-o-Rego, bem como a cadeia no lugar de Paçô e ainda a casa das audiências no lugar de Cuvelães.
Também há testemunhos, já do tempo de D. Diniz de que havia nesta freguesia algumas terras pertencentes directamente ao rei (reguengos) e, por isso, os moradores nos seus casais lhe pagavam os foros em vinho, galinhas, linho e principalmente em pão. Daí se poder dizer, com toda a propriedade que o nome de “Ceifeiras de Valadares”, que identifica uma das principais associações de cultura local, mergulha as suas raízes bem no fundo da memória colectiva da região.

Outras referências

Mas também como noutras localidades, e para além de muitas outras referências possíveis, a própria toponímia nos leva, através do nome de alguns lugares, para memórias bem antigas, como é, por exemplo o caso de Urgueira remetendo para a existência de orcas, que é outro nome dado às antas ou dólmens, reforçando o que já dissemos sobre a presença humana pré-histórica nestas paragens.
Outros exemplos se podem dar, com nomes referentes a famílias de importante genealogia ou de gente nobre vinda de terras longínquas de outros pontos da Europa. É o caso dos nomes germânicos de Adrão, Sá, Godinho e Forjão. Sobre este último existe mesmo um livro genealógico, escrito pelo conservador do Registo Civil em Resende António Aurélio Monteiro de Araújo, nascido no final do século XIX em Valadares, descendente da família com o nome deste lugar.
De lendas e encantamentos do tempo da ocupação árabe fala-nos o “Penedo da Moira”.
De episódios romanescos e de aventura fala-nos também a passagem da quadrilha do famoso salteador José do Telhado.
De tesouros, também esta freguesia se pode orgulhar, já que o Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, conserva três exemplares dos trinta denários romanos, datados do século I antes de Cristo, encontrado entre uns penedos e denominado precisamente o “Tesouro de Valadares”.
Outro documento da antiguidade desta terra é constituído pelas sepulturas cavadas na própria rocha, nas proximidades do lugar de Covela de Cima que, juntamente com o poço – também cavado num penedo – em Cuvelães, onde supostamente se curtiam as peles, acrescentam outro motivo para investigação dos historiadores arqueólogos.

O Curro

Mas não se ficam por aqui os vestígios que atestam a ancestralidade e diversidade do património de Valadares se tivermos em conta que o seu “curro” remete para algo mais longínquo no tempo do que a “tourada à portuguesa”, pois os rituais de luta “a peito aberto” com o touro, nos levam para os povos pré-celtas, que consideravam este animal como sagrado, simultaneamente símbolo da fecundidade e da força da Natureza, contra a qual o homem vitorioso simbolizava a superioridade da natureza humana. Com esta origem mais remota do interesse pelos touros está também relacionado o facto de Valadares ter sido, em tempos não muito recuados, uma das freguesias do concelho com maior número de efectivos da raça autóctone de bovinos arouqueses.

As Capelas

Finalmente, e para além da igreja matriz, que merece uma referência à parte, são de registar as marcas de uma forte vivência religiosa e devocional de que dão testemunho a invocação de Nossa Senhora da Piedade que, embora actualmente particular, ainda existe no lugar de Aldeia; a antiga invocação de Nossa Senhora da Conceição, hoje de Santo António, no lugar de Pinheiro; também a invocação de Santo António, na capela da Casa de Diagares (também esta radicada numa família nobre dos princípios da nação portuguesa); a suposta invocação de S. Salvador do Mundo que, em qualquer dos casos, deixou vestígios na toponímia, dando nome ao lugar da Ermida; e a capela de Urgueira, onde para além da já referida invocação de S. Tiago, se venera a Senhora dos Oferecimentos.

A Igreja Românica de Valadares

Principal monumento da freguesia – e por isso tem já o estatuto de “Em Vias de Classificação” atribuído pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico Arqueológico, com Despacho de abertura de 13-12-1989 – tem, na sua origem três grandes motivos de atracção:

A Antiguidade
Em primeiro lugar a sua antiguidade, pois a construção exterior actual de estilo românico remonta, pelo menos, ao século XIII, e desempenhou uma função importante no Caminho de Santiago, albergando os peregrinos que ali chegavam, provenientes de três variantes desse caminho.
Alguns especialistas falam de um templo anterior e de uma reedificação no século XII, invocando a inscrição existente no interior da fachada norte da capela-mor e que se encontra hoje em posição invertida. Esta inscrição, realizada em pedra siglada, tem a seguinte leitura: E(ra) M(ilésima) CC(ducentésima) XX (vigésima) VI (sexta), o que, transposto para o calendário cristão, corresponde a 1178.

A Arquitectura
Em segundo lugar, pelas suas características arquitectónicas, “desde o seu pórtico principal até à cachorrada de tipo românico que circunda a capela-mor”. Duas arquivoltas caracterizam o portal, sendo a interior decorada com semi-esferas. Por sua vez, “a fresta da parede testeira da capela-mor é também quebrada, o que revela uma relativa permeabilidade dos construtores às fórmulas incipientes do Gótico logo no primeiro momento de construção”. Mas a cachorrada que sustenta o telhado é ainda vincadamente românica. Apesar de se conservar apenas parcialmente, evidencia um vocabulário artístico onde dominam as formas geométricas e vegetalistas, despontando alguns elementos antropomórficos.

Os Frescos
Em terceiro lugar – e este foi um dos principais motivos que levou ao processo de classificação, segundo uma nota de Paulo Fernandes, referida pelo IGESPAR e adiante resumida – são de elevado interesse, pela sua raridade em toda a região e redondezas, as pinturas a fresco, do séc. XV. Trata-se de uma sequência de pinturas murais sobre as paredes interiores da capela-mor. O primeiro estudioso a dar notícia da sua descoberta em 1922, foi Virgílio Correia, segundo o qual toda a cabeceira desta capela conserva a decoração parietal, que se estende por duas séries: a parede fundeira e as paredes laterais. No primeiro caso, o artista desenhou uma espécie de tríptico, com Nossa Senhora da Piedade ao centro, ladeada pelas santas Catarina e Bárbara, estas devidamente identificadas por cartela com os seguintes letreiros: qterin e barbor. Superiormente, desenvolve-se um friso que tem a particularidade de integrar máscaras de anjos “de tufada cabeleira quatrocentista, de asas altas e abertas e mãos postas, ressaltando sobre um fundo salpicado de cravos espalmados. Nas paredes laterais o conjunto está menos preservado, mas foi ainda possível identificar da “banda da esquerda, um grupo de animais apocalípticos, entre os quais figura um tosco unicórnio; e da direita um apostolado, possivelmente S. Paulo, de livro sobraçado e espada empunhada”.
Ainda de acordo com a primeira abordagem de Virgílio Correia, o encomendador foi o abade João Camelo, “natural da vizinha aldeia de Brosende” e futuro bispo de Silves e da vizinha cidade de Lamego, cuja memória ficou perpetuada numa truncada inscrição que acompanha o revestimento mural: ESTA OBRA MANDOU FAZER JUAN CAMELO DE (BORO?) / SENDE ABADE DESTA YGREJA : ERA DE MIL E CCCCtos E”.
Fontes: IGESPAR
Baião Através dos Tempos, José Alberto Gonçalves, 2009
Revista Bayam, nº2, 1991

Associações
Rancho folclórico “Ceifeiras de Valadares”
Fanfarra e Zés Preiras de Santiago de Valadares
Futebol Clube de Valadares
ADARGAS – Associação Juvenil de Valadares

Onde comer
Casa Grande de Pinheiro (por marcação)
Casa das Hortas (por marcação)

2 Respostas to “A nossa freguesia”

  1. Evandro Ribeiro Says:

    Olá!!!
    Sou do brasileiro e estou a procura de famíliares que vieram desta região de Portugal ( família Souza). Minha Vô era da cidade de Itaporanga – São Paulo. Seu pai era Albino Pinto de Souza Cavalcante, ele veio de Santa Cruz do Ouro. Minha Vô( já falecida) Morava em Sengés- Paraná. Casada com Aparício Ribeiro. O meu pai é Filho deste casal ( Italo Ribeiro).
    Irmãos de minha Vô:
    Guilherme de Souza Cavalcante;
    Washinton Luis de Souza Cavalcante;
    Nair de Souza Cavalcante.

    Evandro Ribeiro.
    Rua: Prefeito Daniel Jorge – 968
    Sengés- PR
    Cep: 84.220.000
    Fone: 43 -3567 1468.

    Muito obrigado pela atenção… aguardo notícias.

  2. Luisana Says:

    A terra do antonio ..
    😀

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